Bem-vindo

Ana Lasevicius

Meu pai nasceu na Lituânia, um país repleto de florestas e lendas; minha mãe é brasileira. Nasci em São Paulo e cresci brincando dentro de uma fábrica de álbuns de fotografias, a Álbuns Imperador, onde ouvi muitas histórias contadas pelos trabalhadores. Acontecimentos do dia a dia, casos de família, romances, aventuras, tragédias, contos de assombração, lendas… Cedo descobri que trabalhar ouvindo histórias é muito bom!

Hoje tenho o privilégio de trabalhar escrevendo e contando histórias. Quando escrevi minha primeira história, aos nove anos, a professora anotou em vermelho, com letras garrafais, sobre o texto: “Mão de gato”. Na época eu não sabia que a professora insinuava com isso que alguém tivesse feito a redação por mim. Sabia apenas que era algo ruim, pois fiquei sem nota: nada, nem um zerinho pra eu imaginar (a imaginação faz milagres!) o 1 na frente…

Com o tempo, entendi que aquilo podia ser um incentivo. Sempre escrevo ouvindo música. A música me inspira. Ela faz parte da minha vida de um modo muito especial: tenho dois filhos músicos e compositores, o Lenine e a Lígia, além da Júlia, que ama ler e contar histórias. Brincamos muito de rimar. 

Este é o meu terceiro livro. Também já escrevi e ilustrei pra revistas infantojuvenis. Gosto de ensinar o que sei fazer, sou professora na Escola de Escritores (São Paulo), pesquisadora no NPC (Núcleo Pensamento e Criatividade) e escrevo para a coluna “Linguinha” da Revista Língua Portuguesa, da Editora Segmento.
Fiz faculdade de Comunicação (Rádio e TV) e sou documentarista. Entre outros trabalhos, produzi dois documentários para a televisão: “Tá na Roda” (2008) e “Homem-Carro” (2009).

Dona Isaurinha realmente existiu. E eu tinha pavor de relógio cuco. Juntei as duas coisas e o resultado está aí. Tenho outras histórias pra contar sobre outros vizinhos misteriosos. Uns do passado, outros do presente.

Agora mesmo observo, da janela da minha sala, o homem de roupa negra puída, com as mãos enroladas em trapos, revirando caixas de papelão na calçada da casa da frente. Opa! ? mas esse já é outro livro!